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"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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Satanismo e Anticristianismo: um bem longe do outro...

Escrito por Recanto do Opositor

Eu, como sempre, tento manter ao longo de todos os meus discursos a postura de não atacar, ofender, nem muito menos incentivar qualquer agressão a nenhuma outra religião. Isto não vem simplesmente de minha personalidade ou de meus pensamentos, esta é uma postura Satanista. Criticar, contestar sim. Mas sempre mantendo o respeito. Por motivos que até já comentei aqui. Em suma, eu não vou me colocar em tal pedestal a ponto de atestar para o próximo como se dará sua satisfação. Eu o respeito desde que não me cause qualquer revés, e ponto final. Assim como até mesmo uma crítica mais dura. Costumo dizer que precisamos conhecer aquilo que criticamos mais até do que aquilo com o que concordamos. É preciso conhecer cada minúcia de um determinado pensamento, para poder criticá-lo. Do contrário nada faremos senão atestarmos que não fomos capazes de encontrar as respostas para nossas perguntas que estavam simplesmente, dentro do próprio pensamento em si. É como ler um livro e contestar suas idéias sem tê-lo lido por completo.

Mas bem, o que ocorre é que, parece que muitos ou não entendem isso, ou não concordam e como sempre, os problemas de interpretação vêm à tona. E chegamos ao título do post...

Em certa discussão recente no Orkut, andei lendo sobre como o Satanismo poderia ser compreendido como uma religião essencialmente anticristã. Não o é. Em absoluto... De qualquer forma, dizia-se que por LaVey ter criticado ferrenhamente a Igreja, sua religião necessariamente seria então contra o cristianismo...

O que realmente procede é que, LaVey, antes de tudo, foi um grande contestador. Cabe também comentar o peso dos valores cristãos para a sociedade americana, bem como a grande contradição que existe entre o que se pensa e o que de fato se faz. LaVey reconheceu isto. E fez de sua crítica, não o fim de sua religião, mas apenas um meio, no que diz respeito à forma como estruturou seu discurso, para "convidar" o leitor, em sua Bíblia Satânica, a livrar-se daquilo que ele compreendia constituir algo que viria a negar a essência do humano, bem como os valores que promoviam a hipocrisia e iam contra as satisfações individuais.

Entretanto, é preciso compreender que a resposta dada por LaVey para tudo isto, não foi simplesmente uma inversão de valores cristãos. Ele, indo muito mais além do que isto, criou e organizou toda uma religião própria, com preceitos, princípios e dogmas específicos que a caracterizavam como tal. E que, como já comentei, definitivamente não se tratavam de pura inversão cristã.

"Mas ora, muitas das idéias de LaVey dizem respeito ao que o cristianismo toma como errado", poderia ser dito. E eu respondo: quer dizer então que tudo aquilo que não fizer parte dos preceitos morais cristãos é anticristão? Penso que definitivamente não. Cristianismo não é parâmetro para qualificar uma religião que não ele. Em diversas outras temos pontos que divergem, quando comparadas e nem por isso uma é "anti" a outra. Se o Satanismo possui idéias "não-cristãs", somos Satanistas, não anticristãos, anticristos, ou anticristianismo...

Outro ponto, interessante até, que foi colocado na discussão, foi a noção da oposição de Satan. Este, como já deve ser sabido por Satanistas não leigos, caracteriza-se por determinados predicativos. É o tentador, o acusador, o adversário, o opositor. Cada um destes adjetivos traz consigo uma determinada semelhança semântica. Diz respeito à postura que adotamos com relação a algo. O primeiro (tentador) diz daquilo que nos motiva a experimentar o "proibido," e os outros dizem de não aceitarmos o que não nos é aprazível. E bem, o que foi colocado no debate era justamente o fato de que, a oposição satanista, seria uma oposição cristã, logo, seríamos anti-cristãos, nós os Satanistas...

Duas incoerências. A primeira, diz respeito a uma nuance de significado. O prefixo "anti" é mais do que uma oposição. Ele pressupõe uma ação contra. Algo que é anti o outro, necessariamente age contra o outro. Basta pensarmos no nosso léxico... Antialérgico, antibiótico, anticoncepcional... Todas essas palavras dizem respeito a um "combate", a um "ataque", a algo que evita, que impede. Agir, agir e agir. Este é o ponto. E bem, o Satanismo não age contra ninguém. Podemos não acatar determinadas idéias, bem como qualquer postura de pensamento humano, que define o que é válido ou não para si. Agora, atuar contra, definitivamente não. Se há indivíduos que assim agem, são imbecis, não Satanistas. Satanismo não é intolerância. Isto é para fracos que na ausência de algo válido e produtivo para apoiarem-se, tratam de prejudicar os outros.

A outra incoerência, diz respeito ao que representa a noção de opositor para o Satanismo. Ora, ainda que a crítica inicial por parte de LaVey tenha sido direcionada ao cristianismo, a oposição satanista transcende tal limitação. Quero dizer que, no Satanismo temos a contestação, a crítica, a não aceitação, a oposição a tudo aquilo que de certa forma implique na não satisfação do indivíduo. E ora, existem infinitas coisas que se colocam em nossa vida e que podem vir a nos prejudicar. Simplesmente, como bons seres humanos, nos opomos a todas. E isto não diz respeito a cristianismo, ou qualquer outro "ismo". É algo mais geral, mais além. Temos uma oposição, não uma oposição cristã. Esta é a grande diferença.

Em suma, digo-lhes que a crítica de LaVey nada mais é senão uma tentativa de abrir os olhos para as contradições que temos à nossa frente para podermos então passar a enxergar mais longe algo novo. Não é uma tentativa de ver o contrário das coisas e a partir deste agir. É reconhecer problemas e propor soluções. Não é agir contra ou ainda promover inversão de valores, mas sim transformá-los, sob a ótica do indivíduo. Anticristianismo é como percorrer um circuito oval, só que na contramão de todos. Satanismo é lançar-se numa estrada, tendo como limite apenas um horizonte de possibilidades.

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