Recomendação do Recanto




"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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Drummond...e algumas palavras mais...

Escrito por Recanto do Opositor

Bom, meus caros, o blog não está morto, eu apenas ando sem tempo para poder produzir novos artigos e fazer novos posts... Mas prometo que toda semana trarei algo para o site, afinal, ao menos no trabalho eu possuo um dia de folga e dedicarei alguma parte dele aqui ao Recanto.

Tendo dadas as devidas explicações, deixo para vocês um poema de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da literatura brasileira, conhecido por todo mundo, nem que seja apenas pela velha pedra no caminho, ou ainda o famoso "e agora, José".

O poema fala por si só, e se até LaVey fez seus comentários sobre Deus, cristianismo, e coisas do tipo, não poderia isto faltar aqui. Mas claro, nada de forma vazia como fazem muitos... Enfim, apreciem este maravilhoso escrito:

Romaria

Os romeiros sobem a ladeira
cheia de espinhos, cheia de pedras,
sobem a ladeira que leva a Deus
e vão deixando culpas no caminho.

Os sinos tocam, chamam os romeiros:
Vinde lavar os vossos pecados.
Já estamos puros, sino, obrigados,
mas trazemos flores, prendas e rezas.

No alto do morro chega a procissão.
Um leproso de opa empunha o estandarte.
As coxas das romeiras brincam no vento.
Os homens cantam, cantam sem parar.

Jesus no lenho expira magoado.
Faz tanto calor, há tanta algazarra.
Nos olhos do santo há sangue que escorre.
Ninguém não percebe, o dia é de festa.

No adro da igreja há pinga, café,
imagens, fenômenos, baralhos, cigarros
e um sol imenso que lambuza de ouro
o pó das feridas e o pó das muletas.

Meu Bom Jesus que tudo podeis,
humildemente te peço uma graça.
Sarai-me, Senhor, e não desta lepra,
do amor que eu tenho e que ninguém me tem.

Senhor, meu amo, dai-me dinheiro,
muito dinheiro para eu comprar
aquilo que é caro mas é gostoso
e na minha terra ninguém não possui.

Jesus meu Deus pregado na cruz,
me dá coragem pra eu matar
um que me amola de dia e de noite
e diz gracinhas à minha mulher.

Jesus Jesus piedade de mim.
Ladrão eu sou mas não sou ruim não.
Por que me perseguem não posso dizer.
Não quero ser preso, Jesus ó meu santo.

Os romeiros pedem com os olhos,
pedem com a boca, pedem com as mãos.
Jesus já cansado de tanto pedido
dorme sonhando com outra humanidade.

Andrade, Carlos Drummons de, 1902
Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1978

One Comment

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    Comment by Madame Morte

    Como escrevestes,o poema fala por si só.Como se um deus qualquer dentre os tantos que há fosse o gênio da lâmpada.Deveriam pedir corações,deveriam pedir pra ir embora(PEDE PRA SAIR!).

    Nem sei o que comentar quando o aparente problema não parece ter solução.A não ser a nova humanidade sonhada pelo deus do poema.Assim,até deus se mostra monstruoso desejando o fim de sua bela criação.