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"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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Por mais silêncio: discrição Satanista

Escrito por Recanto do Opositor

Certa vez algum chinês, oriental, ou quaisquer outros olhos puxados que o valha, com todo a respeito a qualquer minoria ou maioria, disse que a palavra é prata, mas o silêncio é ouro. E não é que o rapazinho(a) tinha razão! Claro, talvez não à toa repitamos tais palavras até hoje... Mas o que de fato é o silêncio? Quando usar de palavras? Será que realmente compreendemos o significado desta expressão de tão profunda sabedoria?

Em tempos modernosos, pós-modernos, atuais, ou simplesmente, em nossa era cyberpunk (fica sempre a dica), como todos já sabem, vive-se na era da informação. Ok, até aí sem novidades. Mas podemos mudar o substantivo tão cotidiano, e dizer "fala", ao invés deste. Sim, pois o que de fato é o informar? Pensar na própria palavra ajuda, e não precisa estar num curso de Letras para ir um pouco adiante...

Pensando nas "sub-partes" da palavra, teremos: "in" + "formar" + "ação". Ou seja, formar em, formar dentro. Trata-se do resultado da ação de se formar algo dentro. Isto significa dizer que aquele que informa algo a alguém constrói dentro deste alguma coisa. Mas é realmente isto que acontece hoje em dia? Aquilo que é informado de fato de algum modo chega a nos formar?

Somos diariamente bombardeados por notícias, moda, deveres, direitos, posturas, estética, etc, etc, etc. Mas tudo isto nos torna melhor? Isto de alguma forma, nos forma? É realmente tudo válido? Somos mais, por conhecermos mais?

Naturalmente, digo que não, e qualquer um com um mínimo de senso, nem que fosse puramente elitista, compreenderia que nem tudo vai lhe ser útil. E é justamente por isto que opto pela palavra "falar", ao invés de "informar".

Estamos em um tempo onde muito se fala. Até demais. E quando pensamos em "falar", não significa que estamos dizendo que alguém ouve. Ou ainda que ouça, que se crie algo de novo dentro do ouvinte. Mais ainda, se este algo novo que talvez fosse criado tenha alguma importância.

Tudo isto nos leva a reafirmar, o que já provavelmente se sabia: é preciso que filtremos toda esta massa de "conteúdo" que nos é cuspida e escarrada diariamente através dos meios de difusão informacional dos quais dispomos. Entretanto, é preciso pensar mais do que isto. Esta é a conclusão que leva em conta apenas o aspecto exterior do problema, quando se toma o indivíduo por centro.

Ora, se em nosso meio o "falar" é tão constante e massivo, querendo ou não acabamos por ser influenciados por tal postura. E, inevitavelmente, também desperta em nós, a vontade de falar. E como queremos falar...!

Fotos no Orkut, uma apresentação pouco modesta, roupas mais extravagantes, blogs, enfim, estamos o tempo todo falando. E tudo isto tem algo em comum: queremos sempre falar de nós mesmos. É o culto ao ego, tão exacerbado em nossos tempos.

E mais uma vez, o capitão Satan vem nos salvar da horda ególatra, que na busca sedenta por individualidade molda-se justamente mecânica e homogeneamente, tal qual desejam os que se mantém no poder por conta justamente da inércia das massas.

E como? Muito fácil. Se o Satanismo foi a primeira religião a olhar para o "eu", também soube mostrar a ele seus próprios perigos. Se ele nos trouxe a liberdade, também ensina àqueles que não se cegam por uma auto-deificação débil, que esta mesma liberdade é a mãe de todas as perdições. Como dizia sabiamente Sartre, o homem está condenado a ser livre. E o Satanismo, ainda que não tão embasado filosoficamente quanto este último, nos mostra o mesmo.

Pelo Satanismo podemos compreender o quão grande podemos ser, mas compreende-se também o quão pequenos nós somos. E que somente o verdadeiro sábio reconhece suas limitações, ao invés de gritar aos sete ventos o que não é, nem nunca será. A instituição do pecado da auto-ilusão não é à toa, e nem por menos foi uma das jogadas mais brilhantes de LaVey na formação de seu sistema religioso.

Pelo Satanismo aprendemos a olhar para o populacho que nos cerca e ver as tolices dos tolos, para não simplesmente comportar-se como crítico arrogante que vive de sensacionalismo ácido em programas de quinta. Observamos o próximo para justamente dele nos diferenciarmos. E para que assim não sejamos, tal como ele, impulsionados por uma vontade incessante de falar, mas que na verdade, só demonstra idéias vazias, discursos moldados, e argumentos reproduzidos.

Pelo Satanismo somos incentivados não a permanecer na mediocridade, mas a nos tornarmos o melhor no que fazemos. Não por um simples reconhecimento dos que nos cercam, mas por nossa própria evolução individual. Melhor dizendo, simplesmente, movimento. Os "louros da vitória", se é que virão, são apenas a conseqüência. O auto-reconhecimento verdadeiro é a maior das dádivas.

E assim, se de alguma forma posso dizer que o Satanismo nos ensina a prestar atenção ao que se fala, inevitavelmente vem a importância do ouvir. E não se trata apenas de um sentido do nosso corpo. Trata-se ouvir nossas palavras, nossos atos, nossos pensamentos, nosso eu. Se a misantropia Satanista nos ensina a nos calar diante do próximo, o auto-conhecimento nos leva a um diálogo para consigo próprio. E eis a dádiva do silêncio: ouvir a si mesmo. Deixar a fala de lado para que se possa se compreender melhor.

Mais do que simplesmente uma defesa contra os olhares discriminatórios e preconceituosos dos desconhecedores de nossas idéias, a discrição Satanista também nos leva, como de hábito dentro de nossa religião, a nós mesmos. Para que possamos controlar nossas línguas afetadas pela frenesi moderna das massas pelo falar de si, ou de coisas que em nada nos acrescentem.

Para se abrir a boca, pressupõe-se não somente um querer dizer, mas principalmente, ter o que dizer. E como também já dizia Sócrates, tudo o que sei é que nada sei. Também não poderia estar mais correto. Em um mundo de infinitudes existenciais e ideais, nosso conhecimento só pode ser comparado a um grão de areia, isto quando se chega a tal nível. Pensa o indivíduo moderno que tudo conhece, que tudo sente, e que em um, no sentido de ser único, pode se tornar. Errado. Ter o que de fato dizer, é muito mais difícil do que se pensa...

Portanto, cabe ao Satanista, consciente de que nossa única verdade e certeza é a nossa satisfação e a busca por ela, atentar para sua fala, para que possa conceder justamente ao silêncio, o valor que lhe cabe, ainda que todo o resto do mundo, em sua cegueira pseudo-ególatra, não o faça valer mais que alguns centavos...

E então perguntar-me-iam: mas ora, e a sua fala, e este blog? E, seguramente, lhe respondo: é apenas que para justamente se lembrem da ausência delas; para que desta falta surjam novas em cada um daqueles que se dispuseram a me ouvir.

2 Comments

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    Comment by Madame Morte

    "E eu falava nas feiras e nos centros, falava para todos e ninguém ao mesmo tempo."

    Talvez as pessoas falem tanto de si mesmas apenas por querer que as ouçam, por querer qualquer tipo de atenção ou progresso próprio.Ou simplesmente se amam tanto que ficam cegas.Não é de todo ruim fechar os olhos...

    Auto-conhecimento é a chave que abre e tranca as portas.Mas crescer é um tanto quanto complicado.Usando as cobras como exemplo, quando trocam de pele, fazem um esforço infernal(ó o tr00cadilho aí), e enquanto a nova cresce, ficam frágeis e vulneráveis.

    Sinto que fiquei em algum lugar pelo caminho...que não consigo mais andar com as próprias pernas.Certas pessoas são pequenas demais(Já falando de mim mesmo, assim como o próprio texto diz que as pessoas fazem).

    Quanto à satisfação...você já sabe o que causa...

    Lacunas vazias não causam problemas, agora tente preenchê-las, e não terá volta.A inércia, apesar de aparentemente burra, é bem mais fácil e confortável.(E não se trata de continuar ileso e seguir em frente até onde der?Então...)

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    Comment by Eliane

    As vezes percebo através de minhas próprias palavras que muitas vezes não falamos só para o outros ouvirem, mas para nós mesmos nos escutarmos!