Recomendação do Recanto




"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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A universitária da Uniban e o escárnio - Parte 1

Escrito por Recanto do Opositor

Se você não é o cultzinho que não tem televisão em casa, se você não é o intelectualóide que não tem tempo de sobra (são tantos livros...!) para poder ter acesso a certas notícias, ou ainda se a sua soberba e arrogância não é tal que não lhe permite ter acesso às notícias e fatos "mundanos" ou "do povão", então com certeza você já sabe do que vou falar neste post.

Trata-se do ocorrido a alguns dias na Uniban, uma universidade particular de São Paulo, especificamente na unidade São Bernardo do Campo. Como você já deve ter lido (ou não), uma das alunas foi para a aula com uma roupa "ousada", se podemos assim dizer, o que acabou gerando um tumulto. Todos queriam ver a menina, chingar de puta, tirar foto, enfim, a coisa ficou realmente grande, uma vez que grande parte dos alunos participou da confusão. Acuada em uma sala de aula, com medo da reação da massa inquieta, foi retirada somente com escolta policial, momento no qual a multidão chegou ao ápice das "manifestações". Momento este também, que por sinal, está no YouTube. Quem quiser ter uma idéia mais visual de tudo isto que descrevo, basta procurar lá.

Trata-se de um acontecimento atípico, que não desperta lá grandes interesses, e que foi objeto de exposição, em até certo ponto sensacionalista em alguns meios de comunicação. Entretanto, por mais simples e bobo que possa parecer, dele podemos levantar algumas questões.

O primeiro ponto a se considerar é o pressuposto moral, ainda que vazio, mas ao mesmo tempo sólido, do qual partiu a multidão. Não se trata agora, naturalmente, de apontar um ou outro, além do fato de que neste tipo de situação, muita gente é igual a muito barulho, que é igual a certa adrenalina de tumulto que é igual a vontade incontrolável de se juntar à massa e dar o meu grito.

O que acontece é que naquele momento atribui para si a massa o direito não somente de julgar o próximo como ainda agir a partir deste julgamento. Longe de sentimentalismo barato, a jovem foi vítima de constrangimento, coação psicológica, enfim, ainda que não se trate de agressão física, é uma moral.

O que é ridículo de tudo isto é a hipocrisia de toda esta gente, bem sua bitolação, no sentido de estar regredindo a velhos estigmas de "boa moça" ou do "vestir comportado", coisa que já foi derrubada a tempos. Hipocrisia pois tenho certeza absoluta que muitas das meninas que estavam lá chingando e fazendo barulho também usam roupas tão ou mais ousadas quanto quando querem e bem como da mesma forma cultuam seus corpos. E regressão por estarmos partindo de um modelo estético e de valores que ninguém mais faz questão de afirmar. Principalmente pessoas mais jovens, por natureza mais críticos e transgressores. Na confusão ao apontarem o dedo para um terceiro, o fizeram para si mesmos.

Poderiam ainda argumentar com a história da adequação. Ou seja, para um ambiente como uma faculdade, não se trata de um traje adequado. Contra isto, não é preciso ir muito além. Basta ver, como costumo dizer, o "nível de alternatividade" dos universitários, no que diz respeito às suas roupas. Quem faz filosofia, ciências sociais, artes, e alguns outros cursos menos "matemáticos" sabe do que falo. E ninguém faz alvoroço por causa disso. Das duas uma, ou a universidade em questão é um antro de playboyzinhos hipócritas reacionários, ou, estamos a lidar com adolescentes.

O que é justamente o segundo ponto. Uma postura como esta é até passível de ocorrência quando pensamos em ensino fundamental, até mesmo médio. Trata-se do bullying. Aí sim temos o grupinho "do mal" tirando onda com o rapaz de óculos, com o viadinho, com moleque das orelhas grandes... Agora, numa faculdade, e por causa de um vestido? Faça-me o favor. Deixar de ter aula pra ficar fazendo "zoaçãozinha massiva" nos corredores. Pelo amor de deus, trata-se de uma atitude de extrema infantilidade.

Além disto, ainda há um outro problema. Quem me conhece, ou lê meu textos, sabe que sou um defensor da academia e um propagandista do ensino universitário. Acredito fielmente que é a instância máxima do pensamento e do ensino e que não só merece incentivo por parte do Estado para sua manutenção e desenvolvimento, como também merece culturamente, no que diz respeito ao pensamento das pessoas, ser reconhecida por suas qualidades, gerando assim interesse para a formação não somente de profissionais capacitados, mas de pensadores críticos para a sociedade. E ora bolas, em um caso como este, é este tipo de pessoa que estamos tendo nas universidades? Um bando de adolescentes hipócritas fazendo barulho por causa de roupa?! Isto mancha a já não valorizada imagem do universitário, bem como da instituição em si.

Alguns ainda poderiam dizer: mas ora, bem feito, ela queria causar, chocar, aparecer, eis as conseqüências! A partir disto, tem continuidade o texto em sua parte 2.

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