Recomendação do Recanto




"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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Eu, me, a mim, meu...

Escrito por Recanto do Opositor

Se LaVey foi extremamente feliz em fazer da auto-ilusão elemento chave dentro do sistema religioso que é o Satanismo, talvez poderia ter sido ele ainda mais feliz dando à questão da auto-afirmação a devida importância. Quem acompanha o recanto sabe que já falei disto diversas vezes e vou continuar falando. Trata-se da postura que mais vejo ao meu redor, e não somente na internet. Hoje em dia, TUDO é auto-afirmação.

E novamente me pego pensando sobre o tema...

Auto-afirmação e auto-ilusão costumam trocar carícias. Uma acaba por engravidar a outra, e vice-versa. Por conta de acharmos ser o que não somos, também acabamos por querer mostrá-lo aos outros. E vice-versa...! Mas o que realmente me intriga é a origem destes tipos de postura...

A resposta mais direta para mim é: falta de segurança e/ou conhecimento de si próprio. A pessoa que não se sente segura com seu modo de ser, pensar, se vestir, enfim, acaba por depender de uma imagem, um personagem dotado de mínima verossimilhança, para então poder ser bem visto. Assim como a pessoa que não consegue compreender a si mesma, acaba por reduzir a questão que é si mesma a uma resposta, também imagética, também forjada. Mas em ambos os casos os motivos geralmente esbarram na questão da aceitação externa. Algo como aquele velho papo de que as mulheres não se vestem para se sentirem bem elas, mas sim para causar inveja às outras.

Mas e quando esta "aceitação externa" simplesmente não existe? Eu explico...

Eu vejo conversas. E nestas conversas, cada fala é iniciada por um eu/me/pra mim/meu ou derivados. Reparem só... Comecem a prestar atenção no que se diz ao redor. É fácil de perceber. Primeiro um diz "hoje eu estou assim", em seguida o outro diz "ah, já eu ontem estava assado". É incrível a ocorrência disto. É cada um querendo falar de si, e num geral, a escolha das palavras que introduzem cada uma das falas sempre tem um "eu", ou palavras de mesma semântica.

Se formos pensar em termos virtuais então, nem se fale. Reparem só, todo e qualquer campo em branco é uma possibilidade de auto-afirmação. Seja álbuns de orkut com os seus momentos, os seus amigos, a sua roupa, o seu estilo, o quão você é descolado; seja no subnick do msn onde você diz o que você sente, a briga que teve com o namorado, comentários da festa que você foi, desejos para os seu próximos momentos; ou então o ápice do o que você você está fazendo agora, com o nosso querido Twitter. Em suma, não precisa ir muito longe, de Facebook a blog, todo e qualquer recanto da Web 2.0, na qual haja uma "rede de relacionamento", ou qualquer tipo de interação social, lá está, nossa querida colega, a auto-afirmação. Onde puder haver uma fala, isto é, o sujeito valendo-se de linguagem para expressar o seu pensar, lá estará ela.

E então eu pergunto, se cada um de nós quer falar de si mesmo, quem então restará para nos ouvir? Se cada um quer falar de sua vida, quem será aquele um outro que o ouvirá? Se em um grupo de 10 pessoas, as 10 falam de si mesmo, quem as irá ouvir? Pois é, fala-se muito, ouve-se pouco. Isto quando se ouve.

E onde quero chegar com isto? Simples... Se não há quem nos ouça, por que falamos?!?!?!

Será que chegamos a um ponto tal de egolatria que estamos nos auto-afirmando simplesmente para nos auto-afirmar? Pois ora, de que adianta expormos nossas fotos, nossos pensamentos, nossas "idéias", nosso jeito, nosso isso, nosso aquilo, se todos aqueles que nos cercam fazem exatamente o mesmo?! Estaríamos nós em tempos modernosos tais que o culto ao eu chegou ao ponto de se tornar tão mecânico? Tenho medo do futuro. O homem vai aos poucos se tornando não mais o que de fato ele é, mas sim uma imagem, um ser virtual, não mais meta, mas extra-físico. E sabe quem cria esta imagem? Tudo, menos o indivíduo. Ou melhor, alguns poucos destes...

Pois todo o modus operandi de nossa realidade concreta, palpável, nada mais é senão determinada por aqueles que estão no poder. E eu não me refiro, a políticos, pop-stars, ou donos de megacorporações. Refiro-me àqueles que têm o poder de gerar informação, de reproduzir tendências, moda, atitudes, pensamentos, estilos. Nossa sociedade informacional molda-se a partir de si mesma, tendo como centro uma elite atuante que determina como você fala, o que você come, o que você veste, enfim, todo o seu "aspecto exterior". E onde entra o que de fato você é? Não entra. Pois o "eu sou X" já foi vendido. Você já tem uma lista de predicativos determinados.

Ou seja, é mais ou menos assim que funciona: você é uma máquina, que é programada para falar de si mesma, e enquanto você age mecanicamente, os cientistas que o programaram e continuam a programar, vivem.

Chegamos a um ponto tal, onde não somos o que somos, mas sim aquilo que dizemos ser. E dizemos ser aquilo que querem que nós sejamos. Ou digamos. Ou os dois. E bem, na falta do pecado da auto-afirmação, não nos deixa o Satanismo de lado. E quem se lembra da pimeira regra Satanista na terra?

1. Do not give opinions or advice unless you are asked.
(1. Não dê opiniões ou conselhos a menos que seja perguntado.)

Que o dogma nos salve da massificação. Amém...

One Comment

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    Comment by Madame Morte

    Penso que um "eu te amo" seja apenas uma deixa para ouvir um "eu também", que tudo se trata de si próprio o tempo todo.Não querem ouvintes, apenas sentirem-se ouvidos.Parece que todos temos déficit de atenção hoje em dia,rs.Seja pra exemplificar ou simplesmente pra participar, sempre iremos falar de nós.Tento ao máximo não cair nessa...mas é difícil,rs.

    "Quem se importa?" é o que deviamos pensar antes de abrir a boca, analisar se realmente vale à pena...