Recomendação do Recanto




"Não subestime o desprezo absoluto das pessoas. Tornar-se um pária não é fácil. As pessoas acreditam que o diabo é Satan. Ignoram que o mundo é muito mais antigo que o cristianismo. Tudo para essas pessoas ignorantes é coisa do “diabo”. E julgam, recriminam e segregam. Ainda que isso seja um pecado diante de Deus. Porém, estranhamente é exatamente esse comportamento hipócrita e preconceituoso que a Igreja incentiva. É tudo tão absurdo. E afinal o que são os pecados? É uma maneira de controle do ser humano, de condená-lo, de inserir culpa pelos seus desejos naturais, de submetê-lo, de castrar seus pensamentos. É tudo tão ridículo."

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O mito do "eu sei" - Parte I

Escrito por Recanto do Opositor

As coisas, as pessoas, a tv, a internet, a vida, o mundo, e muitas outras coisas mais, a cada maldito segundo de nossa vidinha frenética modernosa, nos vomita conceitos, idéias, pensamentos, informação. Junto a este fluxo inesgotável, encontra-se o sujeito, o indivíduo, eu, você, num pedestal tal no qual nos deleitamos com a ilusão de tudo poder, de tudo fazer, de tudo saber. O Satanismo também por sua vez é muito perigoso com relação a isto. Inputando ao indivíduo um poder de escolha, uma noção de responsabilidade e, em termos de forma, valorizando-o acima de qualquer coisa, acabamos sempre na velha história da auto-ilusão. E pior que você se auto-iludir com relação a X ou Y, é você se auto-iludir achando que não está se auto-iludindo! Este é o maior dos perigos...

É extremamente difícil para qualquer pessoa deixar de lado suas seguranças, suas certezas, suas convicções. E, ao contrário do que você, malvadista, ateu ou bitolado deseja pensar, a ilusão das próprias verdades não é algo de cristão, evangélico ou teísta. Pelo contrário, isto diz respeito a todos nós. Todos temos mentalmente um conjunto de valores, de verdades, de proposições máximas, de formas de conduta, de métodos de interpretação da realidade. O problema não está em ignorá-los, uma vez que isto é impossível, mas sim ter a capacidade, habilidade, ou até mesmo humildade (eu diria auto-reconhecimento), de transformá-los, desenvolvê-los, aprimorá-los.

Naturalmente, para tal, é preciso que nos valemos de uma palavrinha: trabalho. Quem é dos ramo dos cálculos e números sabe que o trabalho é o produto da força vezes o deslocamento. Ou seja, trazendo para termos menos matemáticos, este resultado aumenta na medida em que saiamos do lugar, isto é, deixamos de estar aqui para estar lá, deixamos de ser o que somos, para nos tornarmos algo de diferente; e, na medida em que torna-se mais intenso nosso esforço. Ou seja, precisamos nos mecher, e quanto mais longe é nosso destino, maiores são os passos e mais força e mais tempo são gastos. E para que estou dizendo tudo isto?

Reparem que estou utilizando dois conceitos básicos: tempo e trabalho. Viver é ser na dimensão do tempo-espaço, e quanto mais trabalho há para ser feito, mais força se faz necessária, mais tempo é preciso. Isto parece lógico, não? Pois é, o óbvio é justamente o mais difícil de ser compreendido.

Pergunto a vocês, se um bom desenvolvimento pressupõe tempo e esforço, como podemos hoje crer que podemos alcançar o mundo com nossas mãos, assim, de uma hora para outra? Como posso eu acreditar que domino algum tipo de pensamento, sistema de idéias, ou o que quer que seja, se não desprendi tempo o suficiente para conhecer cada uma de suas peculiaridades, e, mais do que isto, efetuar analogias, relações e confrontos com outros sistemas e pensamentos? Como posso eu me julgar apto a falar, descrever, explicar ou defender uma determinado argumento, postura, ou tese, enquanto que houveram homens, por exemplo, que passaram a vida inteira dedicando-se a refutá-la? Como poderei eu manter-me seguro em minha posição sem conhecer, por minha vez, o trabalho destes homens? Como posso eu limitar a infinitude das palavras, do pensamento, dos conceitos, limitando estes, a meu-bel prazer, numa ilusão de ser capaz de esgotá-los?

Pois é, meus caros, é justamente o adotar da postura de superficialidade, do limitado, do medíocre, do automático, do resumido, o ato mais comum em tempos modernosos. O aumento exacerbado da velocidade da difusão informacional, bem como um respectivo aumento de quantidade destas informações, nos faz querer mais, por cada vez menos. O que importa hoje em dia é acumular o máximo de dados mastigados, fechados em si próprios e sem qualquer profundidade. É exatamente esta a postura na vastíssima maioria nos meios de quem supostamente pensa, lê ou estuda.

O problema dá-se da seguinte forma: a valorização do sujeito moderno faz com quem o indivíduo se sinta apto e capaz para dizer "eu sei", e a difusão informacional massiva (eu não quis dizer "para as massas"), por sua vez, lhe fornece meios de comunicação suficientes para que possa ele ter acesso a uma grande quantidade de idéias, valores e pensamentos que, por não saírem dos níveis da superficialidade, podem ser facilmente alocados em seu "conjunto de saberes".

Continua na Parte II...

One Comment

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    Comment by Mauricio

    >.<
    Acredito que todas as pessoas têm dificuldade em mudar.
    Mudança é algo difícil, por vezes temos problemas que parecem únicos mas no fundo todos nós temos algo semelhante para apresentar.
    Não temos escolha quanto à filosofar ou não sobretudo na condição de seres humanos. Esse é o nosso diferencial.
    Se é possível dominar ou não um asunto, talvez não se tenha como saber, mas acredito que podemos dominar o suficiente para um reflexão.
    Bom, se algum leitor/autor gosta de pink floyd, tem o álbum Dark Side of the Moon também... vale para reflexão, uma pena qué é tão triste, talvez justamente por tratar as angústias da vida moderna.