Seria de prever que, enquanto Satanistas, o processo de tomada de decisão não fosse demasiado complicado. Estamos conscientes do nosso racionalismo, sabemos ponderar vantagens e desvantagens, escolhemos a opção que seja mais proveitosa para nós enquanto indivíduos e que esteja alinhada com qualquer que seja o nosso propósito. Como disse, simples. Então, porque é que na prática isso não se verifica?
Satanismo é prática, e portanto falo de um caso concreto – estou perante uma difícil escolha a tomar. Todas as fáceis são fáceis de tomar, por definição. Mas não esperaria que esta fosse tão difícil. Seria de esperar que quando sabemos o contexto, quando percebemos as variáveis, quando dominamos o domínio, as dúvidas fossem menores – mas nunca o é quando estamos a falar de paixão, de algo que é parte de nós próprios. E não, não no sentido carnal – no sentido criativo, na nossa capacidade de marcarmos uma diferença com o fruto das nossas acções.
O que me surpreende mais é talvez a capacidade de sacrifício numa situação insustentável a longo termo, para evitar a ruptura com algo que é parcialmente nosso. É difícil desligar este lado primordial da nossa personalidade, porque é também o que nos mantém tão próximos do nosso Satanismo. Mas, no final, racional e emotivo unem-se na percepção comum que a decisão há muito já estava feita – o que realmente custa é convencermo-nos que é a decisão correcta a tomar, face à situação.
Talvez a diferença no caso do Satanista esteja no laço que estabelece com as suas criações. É uma criatura de paixões, de genuíno envolvimento emocional com o processo de criação, que o move a continuar a viver. E isso acarreta um custo, que se torna um fardo quando estamos perante decisões difíceis. Mas também elas nos ajudam a definir enquanto indivíduos. Enquanto Satanistas.
Autoria:
Lurker (caríssimo membro de grande respeito da APS)
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2 de agosto de 2010 às 23:02
Criaturas estupidamente sensíveis. Como se tudo estivesse a um centímetro de ser e ainda assim, fosse apenas possível de exprimir de vez em quando.
20 de março de 2011 às 22:26
Oi olá! Boa noite! Apenas deixo aqui o meu " olá " lhe informando que li este artigo. Obrigado. Tiau.