Que o Satanismo é a religião do indivíduo, isto não precisa ser explicado. Que é o pensamento que o coloca no centro de suas ações, como responsável primeiro pelas conseqüências destas, e como meio e finalidade última de seus atos, isto também não precisa ser dito. Entretanto, toda esta valorização, como de praxe, possui seus excessos. Aliás, diversos. De falta de reciprocidade à auto-afirmação, passando por egolatria vazia, há o que, poderíamos dizer, invertendo a preferência das cores, lado "branco" do Satanismo. As brechas para uma interpretação equivocada, seguida de uma prática completamente deturpada são, a meu ver, os principais problemas da religião. Não vem ao caso tecer agora palavras sobre os motivos, mas o Satanismo justifica, a partir de si mesmo, o luxo e o lixo, ou, também poderíamos dizer, a prática verdadeiramente Satanista e o mauvadismo.
Dentre tais excessos, tenho percebido um em especial que, assim como os outros, camufla-se em nossa mente de modo a acreditarmos que não estamos fazendo absolutamente nada de "errado" ou prejudicial. Esta é a natureza mais perversa de um problema: manifesta-se ele como uma doença sem qualquer sintoma, e, quando nos olhamos no espelho, pensamos estar o mais saudável possível.
Ok, e qual é então este problema? Como o leitor deve imaginar pelo título, tem a ver com uma tal neutralidade... É simples de entender...
Entre valorizar o indivíduo e superestimá-lo há uma linha muito tênue. E quando passamos a colocar o indivíduo numa instância que não lhe é cabida, eis o problema. Há uma típica idéia de que uma vez que sou detentor de meu pensamento e palavras, é a partir de e exclusivamente de mim que estas são formadas, concebidas, expostas. Assim sendo, me distancio de quaisquer outros fatores que os determinem, e, desta forma, excluo de mim qualquer responsabilidade com relação a estes.
E quais seriam estes fatores?
Todo ato, toda prática social e todo o pensamento que a pressupõe não são,
em última instância, determinados pelo indivíduo, pelo nosso bem querer, ou uma vontade pessoal maior. O que somos, o que fazemos, o que falamos, o que pensamos, não vem do nada. Da mesma forma que se trata de uma bela de uma bitolação acreditar que tudo o que ocorre em nossa vida são desígnios do papai do céu barbudo e todo poderoso, também é uma
plena limitação acreditar que o
indivíduo é
senhor último de seus atos, palavras, pensamentos.
Mas ora, que absurdo, como posso estar lendo isto num blog dito Satanista?
Continua na Parte II...
7 de dezembro de 2011 às 18:21
É simplismente um processo de interferência inútil, em situações de libertação e evolução do ser humano, por vias de banalização e escárnio ao satanismo. O que é maligno em nosso mundo são as religiões que negam o valor do próprio ser humano, sujeitando-o a sua inclinação a submissão e covardia.
Como dizia Zarastrusta Deus morreu, mas embora isso tenha ocorrido a mente da sociedade está apta a negar a verdade e sufocar qualquer "verdade" contrária.